

Anot dos Santos
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Insegurança agroalimentar
Autores: Dr. Silmo Schüler, Dr. Eduardo A. Lobo & Dra. Paula Nogueira Pedra
Impactos ocultos e seus custos frente à crise climática e perda de biodiversidade
Conforme o Diretor Geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Dr. Qu Dongyu, no relatório “O Estado da Alimentação e da Agricultura 2023” (FAO, 2023), os custos para melhorar os sistemas agroalimentares são elevados frente aos crescentes desafios globais pela indisponibilidade e acessibilidade aos alimentos, principalmente devido à crise climática, perdas de biodiversidade, crises económicas e agravamento da pobreza.
O relatório apresenta a contabilidade de custos como uma abordagem para descobrir os impactos ocultos dos sistemas agroalimentares no meio ambiente, saúde e meios de subsistência, para que os responsáveis pelos sistemas agroalimentares estejam bem informados e preparados para a tomada de decisões corretas de investimentos pelos países e pelo sector privado, visando reduzir os actuais custos.
Transformar os sistemas agroalimentares para aumentar sua eficiência, inclusão, resiliência e sustentabilidade é um projeto abrangente para concretizar a Agenda 2030 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS’s) da Organização das Nações Unidas (ONU), destacando que a visão da FAO para atingir estes objetivos para uma produção sustentável, com segurança alimentar e nutricional, com a manutenção da biodiversidade e uma melhor qualidade de vida para todos, é vital que os impactos das ações dentro desses sistemas sejam transparentes.
Segundo o Diretor Geral da FAO, o relatório de 2023 destaca os desafios metodológicos que precisam ser abordados para uma maior adoção da contabilidade de custos ocultos, principalmente em países de renda baixa e média-baixa. O relatório quantifica os custos ocultos dos sistemas agroalimentares nacionais de forma consistente e comparável para 154 países, destacando que estes resultados cobrem custos ocultos de emissões de gases de efeito estufa, emissões de nitrogênio, uso da água potável, transições no uso da terra e pobreza, bem como perdas de produtividade causadas por padrões alimentares inadequados e desnutrição.
Ainda, perdas de produtividade decorrentes de padrões alimentares, que levam a doenças não transmissíveis, são as que mais contribuem para o total de custos ocultos nos sistemas agroalimentares, e são particularmente relevantes para países de rendimento alto e médio-alto. Custos ambientais ocultos constituem mais de vinte por cento do total quantificado, e correspondem a quase um terço do valor adicionado pela agricultura. Resultados preliminares indicam que os custos ocultos globais dos sistemas agroalimentares ultrapassam os 10 biliões de dólares.
Existe a preocupação de que haverá um aumento de preços considerando todos os custos ocultos na produção de alimentos, mas a integração desses custos no processo de tomada de decisão, bem como nos incentivos enfrentados pelos produtores e consumidores, incentivará processos mais eficientes de transformação dos sistemas agroalimentares.
A sustentabilidade dos sistemas agroalimentares e a disponibilização de alimentos na quantidade, qualidade e tempos adequados, considerando os impactos ocultos e seus custos, deverão garantir acesso à alimentação e nutrição para as gerações presentes e futuras. Os resultados apresentados no Relatório 2023 devem ser vistos como um ponto de partida para estimular o debate e diálogo, visando diminuir a fome e a desnutrição no mundo.

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